Você sabia que o álcool é um poderoso agente antimicrobiano? O termo tem uma origem muito diferente do que conhecemos. A palavra vem do árabe al-kuhul (al kohl) e se referia a um cosmético usado para colorir os olhos. Porém mais tarde passou a se referir a qualquer coisa obtida por sublimação e por destilação. Mais tarde, se tornou o nome dado a qualquer aguardente resultante da fermentação de um líquido. Embora o conhecimento de um “espírito” inflamável emitido pelo vinho seja antigo, a descoberta do álcool puro é geralmente atribuída primeiramente ao alquimista e médico persa Muhammad ibn Zakariya al-Razi (Rhazes ou Rasis). Ele foi o primeiro médico a usar a substância sistematicamente na prática médica. Tão antiga quanto a origem da palavra é o conhecimento de suas propriedades antissépticas, até que no século XX a eficácia no combate a vírus, bactérias e fungos finalmente passou a ser estudada e divulgada.
Assim sendo, para fins de uso antimicrobiano, a substância se apresenta em duas formas: álcool etílico e isopropílico.
Qual a diferença entre álcool etílico e álcool isopropílico?
- O etílico tem dois carbonos, e o isopropílico tem três carbonos.
- No álcool etílico, -OH está anexado ao primeiro carbono, enquanto no isopropílico se liga ao segundo carbono.
- O etílico é um álcool primário e o isopropílico é secundário.
- A oxidação do isopropílico produz a acetona. No entanto, um aldeído surge a partir da oxidação do etílico.
- O isopropílico é menos solúvel na água salgada. Mas a adição de sais inorgânicos (como cloreto de sódio) a uma solução aquosa podem separar ele. Entretanto, isso não separa o etílico.
- É possível beber álcool etílico. O isopropílico não. O consumo desse tipo pode ser tóxico.
Com baixo custo de produção, facilidade de aquisição e uso, o álcool é a primeira recomendação no combate a bactérias e muito eficaz no combate viral. Atualmente é muito usado, como todos nós sabemos, para a desinfecção de mãos, superfícies e itens, porém alguns cuidados devem ser tomados para que o produto usado atinja sua eficiência desejada.
Cuidados para eficácia na aplicação e no uso
O álcool se encontra no nível intermediário de desinfecção, ou seja, é capaz de destruir formas vegetativas de bactérias e a maioria dos vírus e fungos. Dessa maneira, se destacam entre os principais benefícios do uso do álcool como antimicrobiano:
- Agride menos a pele (deve ser usado com emoliente)
- A aplicação é rápida e simples
- Tem efeito microbicida
- Eficaz na prevenção de transmissão de patógenos
- Tempo de higienização reduzido entre processos
- Combate a contaminação cruzada
- Controle de infecções
- Geram sensação de bem-estar relacionada a limpeza
Um equívoco comum é que quanto maior a porcentagem de álcool que você está usando para desinfetar, maiores são as chances de que você esteja realmente limpando sua pele e superfícies de germes preocupantes. Surpreendentemente, porém, os números nem sempre batem. Aqui está o que você precisa saber para aproveitar o máximo potencial desse grande aliado.
Pode parecer contraintuitivo, mas estudos mostram que o álcool 70% é a mistura perfeita de álcool e água para atravessar a membrana celular, afetando assim a célula inteira e matando os microrganismos. Contudo, em termos de desinfecção, concentrações mais altas de álcool são menos eficazes, uma vez que nesta condição o produto não causa uma agressão letal aos microrganismos.
Perigos na aplicação e uso
Entretanto é preciso ter muita atenção a certas características que tornam o álcool uma substância muito perigosa. O produto oferece riscos para a saúde e algumas características podem limitar seu uso: rápida evaporação e alta volatilidade. Por ser tão inflamável, o álcool é responsável por muitos acidentes todos os anos, muitos deles fatais, segundo estudo realizado na Unidade de Queimaduras do Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP).
Para que houvesse redução nos acidentes, resoluções foram estabelecidas para tornar o produto mais seguro, como a comercialização na forma de gel que produz uma chama mais fraca em relação a versão líquida, já que a composição leva 70% de álcool puro diluído em aditivos que lhe conferem a consistência de gel. Além disso, programas de conscientização ajudaram a divulgar o uso correto e seguro.
Principais ambientes de uso do álcool
Na indústria e em ambientes hospitalares o álcool como desinfetante é muito mais frequente. Nesses casos é imprescindível a conformidade com a regulamentação estabelecida pela ANVISA bem como prestar atenção às recomendações de uso para evitar o comprometimento de suas propriedades. Por exemplo:
- Garantir a concentração adequada da substância
- Usar apenas água purificada na diluição
- Estocar em locais secos e com temperatura adequada
- Envasar em embalagens adequadas
- Impedir contaminações exógenas
- Seguir as rotinas de manipulação de acordo com o padrão recomendado
Em virtude dos fatos apresentados, podemos reconhecer o grande valor desse sanitizante secular como aliado na descontaminação de ambientes e superfícies, assim como redutor significativo da população de agentes potencialmente prejudiciais a saúde humana. Graças a seu fácil acesso, uso simplificado e abrangência.
Fontes:
- https://culinarylore.com/food-history:origin-of-the-word-alcohol/
- https://pt.esdifferent.com/difference-between-ethyl-alcohol-and-isopropyl-alcohol – :~:text=O%20%C3%A1lcool%20isoprop%C3%ADlico%2C%20tamb%C3%A9m%20conhecido%20como%202-propanol%2C%20possui,o%20%C3%A1lcool%20isoprop%C3%ADlico%20%C3%A9%20um%20is%C3%B3mero%20de%20propanol.
- https://www.marthastewart.com/7796118/isopropyl-alcohol-percent-disinfectant-coronavirus-covid-19
- http://www.rbqueimaduras.com.br/details/125/pt-BR/analise-de-10-anos-de-casos-de-queimaduras-por-alcool-com-necessidade-de-internacao-em-hospital-quaternario